Igreja a perder…
D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, disse: “Alguém já disse que, em tempos passados, a Igreja perdeu os operários porque não os entendeu, nem entrou nas suas lutas pela justiça. Pela mesma razão, diz-se agora, está perdendo a gente nova sempre que não entra no seu mundo e teima em lhes proporcionar esquemas, que já não se quadram com o mundo de novas possibilidades e horizontes que se lhes foi abrindo e por onde entraram sem regresso.(…)
O mundo dos jovens é, por vezes, um mundo dentro de outro mundo, que lhes vai sendo cada vez mais alheio e distante. Assim se empobrece um património vivo.
Na sociedade, por si cheia de opções e contradições, interesses e preconceitos, com semeadores, alheios a projectos de bem comum, não se afigura fácil a recuperação dos jovens, mormente quando antes foram aliciados para objectivos determinados, com propostas e dádivas efémeras. A Igreja pode tentar sempre caminhos que tornem os jovens protagonistas integrados na comunidade que os acolhe, que não tem que ser a de residência porque o seu mundo não é o do bilhete de identidade.
Acolher, que é uma forma de amar, significa escutar, dar lugar, apreciar ideias e propostas, proporcionar vida em grupo, incentivar iniciativas próprias, tomar a sério, ser paciente e compreensivo. Tudo isto com gente, padres ou leigos, que permanecem novos por dentro, mesmo que o não sejam de idade, mas capazes de fazer caminho sem impor rumos, de empatia solidária, de dar testemunho da libertação interior, que a fé e o seguimento de Jesus Cristo cada dia alimentam.”
Assim vai o mundo…
Podemos achar que actualmente os jovens e a Igreja andam afastados.
Mas será que é verdade?
Ou talvez de formas diferentes?
Falta à juventude bagagem…
Ou falta na Igreja quem perceba, ou queira perceber, os jovens…
A questão é se os padres e leigos não andam a cumprir o seu dever?!… E claro se os jovens querem entender a igreja e se deixam envolver?!
Dificilmente os jovens se deixarão apaixonar por esta Igreja. Salvo, algumas excepções, mas que se deve ao empenho isolado de um ou dois leigos e o páraco
Só conseguirei captar a atenção dos jovens, se conseguir que a Igreja seja apelativa, viva, quente, alegre, sonhadora, viciante, provocadora.
Só assim eles se deixam envolver.
Concondo plenamente com o que foi dito, mas a questao é se os páracos estao a cumprir o seu dever, em tornar a tal igreja apelativa, viva, quente, alegre……….Gostava de saber se isso esta a acontecer actualmente?
Permitam-me uma achega: não podemos limitar as responsabilidades aos párocos. Saberão as pessoas cativar os párocos? São seres humanos, providos de sentimentos, e com muitas pessoas a focarem a atenção sobre ele, não perdoando nada. São seres que vivem muitos momentos de solidão, que, muitas vezes, têm de se revestir de uma certa dureza para aguentar tanta pressão e focos que exigem a sua atenção permanente. E com cada vez mais paróquias, esta situação aumenta. Acusam os párocos de não entenderem as pessoas. Serás que as pessoas são capazes de compreender os padres, e os ajudarem a serem melhores, a serem acarinhados, a sentirem que as pessoas, a quem eles dedicaram os melhores anos da sua vida, gostam deles, os apoiam e os ajudam?
Evidentemente que há casos difíceis. Mas não nos limitemos a apontar o dedo, a desempenhar o papel de vítimas e passemos a uma acção positiva.
Como diria um qualquer padre…”Meu filho são os desígnios do Senhor, não se devem questionar…estás muito confuso meu filho…vinde ouvir a palavra do Senhor…para purificares a alma…”
Bem devo recordar que a Igreja Católica tem uma vertente que admiro e que é muitas vezes esquecida…
Deus deu-nos inteligência, mas também nos deu a apelidada livre vontade.
Se não sabemos utilizar devidamente os seus instrumentos, não culpemos aos seus representantes.
Todos nós sabemos fazer a distinção entre o bem e o mal? Não sabemos??? Somos inteligentes e temos livre vontade, façam-se as escolhas. Os caminhos são vários…pondere-se as consequências.
Normal das pessoas é quando estão “mal”, quando tudo o resto falha, recorre-se à fé! :S
Desde que me conheço como pessoa que ouço sempre falar dos jovens e das suas indiferênça pelas coisas da Igreja…É um assunto, quanto a mim, já gasto de tanto se falar, mas pouco agir…
Culpa dos padres?Sinceramente, não me parece.Então de onde vem esse distanciamento e alheamento?Que tal se nos debruçassemos mais sobre o «estado» das famílias a que esses jovens pertencem?!
Talvez a Igreja, de facto não tenha sido suficientemente activa e aliceante para eles, concordo.Mas quem é afinal a Igreja?Não somos todos nós os baptizados?
Permita-me, padre José Sá, mas parece-me que o homem José Sá, subiu um, ou vários, degrau(s) na escada da inferência, pelo menos no que me diz respeito.
Há, dentro da Igreja, quem se oponha à apatia. Quem se mova contra o “Adamastor”. O seu caso é exemplo disso mesmo. Aliás, já me pronunciei, elogiosa e merecidamente, a seu respeito. Exemplos não me faltam, para enaltecer o seu apego à evangelização. O espírito de grupo, de amizade e sempre unido (que inveja) dos seus jovens na Lama (Folhas Livres) e que até os levou a conviver numa missa realizada no areal na praia da Amorosa, entre outras actividades. Eu mesmo, até me sinto um filho pródigo, apesar de continuar a não frequentar a “missa”, voltei à “catequese”, agora ministrada na sala do Partilhar.
Numa sala de aulas, há bons e maus alunos, há bons e maus professores. De quem é a culpa? E no seio de uma família?! A quem vamos atribuir a culpa?
Eu julgo que não podemos lançar para a arena os culpados, porque, simplesmente, vamos correr o risco de ser os escolhidos.
O que eu li no seu texto sobre a Criatividade é que cada um de nós faz parte de um todo, numa sociedade de valores viciante, com defeitos e feitios. Esta é a sociedade que temos e da qual estamos sempre prontos a criticar e nada fazer.
Esse é o uso que damos à inteligência que Deus nos deu.
Pois é, José Sá, uma andorinha não faz a Primavera, mas que embeleza o espaço… ah!! Se embeleza!